Muitos se perguntam por que o brasileiro está vivendo mais e temos uma explicação para isso. De 1940 a 2016, a expectativa de vida no Brasil aumentou constantemente para um recorde histórico de 75 anos. Essa melhora deveu-se em grande parte aos esforços do Ministério da Saúde e do Ministério do Meio Ambiente para fortalecer os sistemas de saúde e saneamento no país.
Um aumento contínuo na expectativa de vida pode ser alcançado utilizando a tecnologia para aprimorar as capacidades e o desempenho do sistema de saúde e melhorando o saneamento e o acesso à água potável para todos os brasileiros. Vejamos neste artigo alguns aspectos que remetem a essa vivência.
Um Sistema de Saúde aprimorado
Em 1988, após o fim da ditadura militar no Brasil, uma constituição recém-estabelecida criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi ampliado para fornecer serviços de saúde gratuitos e abrangentes com acesso quase universal. O foco no pré-natal, programas de nutrição infantil, campanhas de imunização e outros importantes serviços preventivos têm desempenhado um papel fundamental no aumento da expectativa de vida no Brasil.
Em 1994, foi fundada a Estratégia Saúde da Família (ESF). Tem contado fortemente com agentes comunitários de saúde (ACS) para fornecer cuidados de saúde básicos e preventivos. Equipes de médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde foram mobilizados em todo o país para cobrir territórios de 3.000 a 4.000 residentes.
A ESF fornece recursos médicos para áreas carentes e permite que as equipes de saúde acompanhem de perto o estado de saúde dos moradores de sua região. Atualmente, existem mais de 265.000 CHWs ativos prestando assistência a cerca de 67% da população. A ESF foi fundamental para aumentar a expectativa de vida no Brasil de 67 anos em 1994 para 75 anos a partir de 2016.
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O Uso da tecnologia
Embora o SUS seja vital para melhorar a saúde e a expectativa de vida, o sistema ainda enfrenta desafios causados pelo aumento dos custos com saúde e medicamentos, má distribuição de profissionais médicos e dificuldade de acesso aos serviços de saúde em regiões de baixa renda.
O Ministério da Saúde tem investido em sistemas de tecnologia em saúde e aplicativos móveis para ampliar o acesso aos serviços de saúde, melhorar a qualidade do atendimento e reduzir os custos gerais do SUS.
Em 2012, eles fizeram parceria com a revista médica BMJ para criar o aplicativo BMJ Best Practices. Mais de 11.400 pessoas agora usam o aplicativo móvel para tomar decisões de diagnóstico e tratamento mais informadas para seus pacientes no local de atendimento. O diagnóstico e o tratamento precoces ajudam a melhorar os resultados de saúde, por isso é benéfico para o Brasil continuar a adotar esse tipo de tecnologia.
Estima-se que o país gastaria US$ 336 milhões em tecnologia e aplicações de saúde até o final de 2018, mas potencialmente economizaria US$ 42 bilhões por ano nos próximos 15 anos. Hospitais e clínicas com tecnologia de saúde integrada, como saúde eletrônica e registros médicos, também demonstraram ter uma taxa de mortalidade de 3 a 4% menor, o que melhora as taxas de expectativa de vida no Brasil.
Melhorar o saneamento e o acesso à água potável
Estima-se que 50% dos brasileiros não tenham acesso a serviços de esgoto e saneamento. De fato, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável.
Existem desigualdades na superconcentração de serviços em regiões ricas, enquanto faltam serviços em regiões pobres e de baixa renda. Entre 2010 e 2014, foram quase 14 mil internações por doenças relacionadas à falta de saneamento. Na região densamente povoada de Porto Alegre, as taxas de dengue foram cinco vezes maiores de 2001 a 2013.
Para enfrentar o ônus das doenças relacionadas ao saneamento, o Plano Nacional de Saneamento Público foi formado em 2007 com o objetivo de fornecer serviços de água potável e esgoto a 93% dos domicílios até 2033. Entre 2007 e 2015, a porcentagem de domicílios com acesso para água potável aumentou apenas ligeiramente de 80,9 para 83,3. Operar com um déficit de US$ 1,9 bilhão impediu o progresso, e o programa está atualmente a caminho de atingir suas metas até 2050. Com o financiamento adequado, no entanto, o país poderia atingir suas metas originais, o que ajudaria muito a aumentar a expectativa de vida no Brasil.
Ainda são necessários investimentos substanciais do governo federal, fontes de capital público-privado, juntamente com investimentos de programas de ajuda externa, como o UNICEF, se o Brasil pretende estabelecer a infraestrutura para atingir sua meta original até o prazo final de 2033. Como o país parece para o futuro, expandir a ESF, integrar a tecnologia ao sistema de saúde e melhorar os serviços de saneamento são áreas-chave. Essas prioridades irão sustentar e melhorar ainda mais a expectativa de vida no Brasil.
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Projeto Idoso Bem Cuidado (Projeto Idoso Bem Cuidado)
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou em 2016 um projeto piloto denominado “Projeto Idoso Bem Cuidado”, que tem como objetivo criar um modelo de atendimento aos idosos que possuem planos de saúde privados, que costumam ser mais ricos, mas também têm maiores demandas por cuidados de saúde.
Atualmente, não há médicos generalistas para cuidados primários a quem os pacientes mais velhos possam consultar para monitorar medicamentos, obrigando-os a recorrer a cuidados de emergência ou internação ou ir diretamente a especialistas. Nesse novo modelo, um médico e um enfermeiro passam a ser os principais pontos de referência, encaminhando os pacientes para especialistas e organizando seus cuidados de saúde.
A ANS também espera que isso possa servir como um modelo mais eficiente de saúde privada em geral, talvez levando a avanços para outras partes do sistema de saúde brasileiro. Operadoras privadas de saúde e prestadores de serviços podem participar voluntariamente do projeto. Quase 70 instituições de saúde já estão participando, e houve uma queda perceptível nas consultas com especialistas.
Contudo, a expectativa de vida dos brasileiros de 60 a 64 anos aumentou 2,8 anos de 1990 a 2015. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida da mesma faixa etária aumentou 2,1 anos. Melhorando a um ritmo mais rápido do que seus equivalentes latino-americanos e caribenhos, o Brasil está diminuindo a distância em relação à média regional.